Resultados BB 2T25: Análise e Oportunidade BBAS3

Análise BB 2T25: ROE de 8,4% e novo guidance. Por que BBAS3 é oportunidade de longo prazo? Clique e saiba mais!

RESULTADOS

8/24/20254 min read

Resultado financeiro do 2º trimestre da empresa BANCO DO BRASIL
Resultado financeiro do 2º trimestre da empresa BANCO DO BRASIL

O Cenário Desafiador: Compreendendo os Resultados do 2T25

O segundo trimestre de 2025 trouxe resultados que confirmaram as preocupações do mercado sobre o desempenho do Banco do Brasil. Com um lucro líquido ajustado de apenas R$ 3,8 bilhões, a instituição apresentou uma queda vertiginosa de 60,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O que mais chamou a atenção dos analistas foi o ROE de 8,4%, o menor patamar desde 2016. Este indicador reflete diretamente a capacidade do banco de gerar retorno sobre o patrimônio dos acionistas, e sua deterioração sinaliza os desafios operacionais enfrentados pela instituição.

Os Vilões do Trimestre: Agronegócio em Foco

O principal responsável pela deterioração dos resultados foram as provisões para devedores duvidosos (PDDs) do agronegócio, que totalizaram impressionantes R$ 7 bilhões no trimestre. O custo do crédito atingiu R$ 15,9 bilhões no 2T25, representando um crescimento explosivo de 56,7% em relação ao trimestre anterior.

A carteira de agronegócios, que representa R$ 404,9 bilhões do portfólio do banco, apresentou inadimplência de 3,49%. Embora este número possa parecer controlado, é importante considerar que existe um estoque significativo de operações não pagas na safra 2024/2025, incluindo casos de recuperações judiciais no setor que exigem maior provisionamento sob a nova regulação.

O Impacto da Nova Resolução CMN 4.966/21

Uma variável crucial para compreender os resultados é a entrada em vigor da Resolução CMN 4.966/21 em janeiro de 2025. Esta nova norma trouxe mudanças estruturais na contabilização de ativos financeiros e na constituição de provisões para perdas esperadas.

As principais alterações incluem:

  • Mudança no cálculo de perda esperada

  • Reconhecimento de juros das operações inadimplidas aumentou de 60 para 90 dias

  • Reconhecimento pelo regime de caixa das operações no estágio 3

Estas mudanças tornam a comparação com períodos anteriores menos linear, especialmente na margem financeira bruta e nas despesas com perdas esperadas.

Análise Detalhada dos Segmentos

Margem Financeira Bruta: Sinais de Recuperação

Apesar do cenário adverso, a Margem Financeira Bruta (MFB) apresentou sinais positivos no trimestre, totalizando R$ 25,1 bilhões com crescimento de 4,9% em relação ao trimestre anterior. Este crescimento foi impulsionado pelo desempenho comercial positivo, com receitas financeiras crescendo 7,6% em operações de crédito e 13,9% em tesouraria.

Carteira de Crédito: Crescimento Sustentado

A carteira de crédito expandida manteve trajetória de crescimento, totalizando R$ 1,29 trilhão em junho/25, com alta de 1,3% no trimestre e impressionantes 11,2% em 12 meses. Este crescimento demonstra a capacidade do banco de continuar expandindo seus negócios mesmo em cenário desafiador.

Destaques por segmento:

  • Pessoa Física: R$ 342,6 bilhões (+8,0% em 12 meses)

  • Pessoa Jurídica: R$ 468,0 bilhões (+14,7% em 12 meses)

  • Agronegócios: R$ 404,9 bilhões (+8,0% em 12 meses)

O Novo Guidance e a Estratégia de Proventos

Reconhecendo os desafios operacionais, o Banco do Brasil revisou significativamente suas projeções para 2025. O novo guidance aponta para um lucro entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões, uma redução substancial em relação à projeção anterior de R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões.

Paralelamente, o banco reduziu seu payout para 30% via juros sobre capital próprio e/ou dividendos. Esta decisão, embora reduza as distribuições de proventos no curto prazo, demonstra prudência na gestão de capital em um momento de incerteza.

Por Que Esta É Uma Oportunidade de Longo Prazo?

1. Descontos Significativos nas Cotações

As ações do Banco do Brasil negociam com descontos substanciais em relação ao seu valor intrínseco. Com P/VPA de 0,72x e P/L de 4,59x, os múltiplos refletem o pessimismo excessivo do mercado.

2. Solidez Patrimonial Mantida

Apesar dos resultados fracos, o banco mantém sua solidez patrimonial. O Índice de Basileia permaneceu estável em 14,14%, e o capital principal de 10,97% demonstra que a instituição possui reservas adequadas para enfrentar o período de ajuste.

3. Posição de Liderança no Agronegócio

O Brasil atravessa um momento excepcional no agronegócio, com safra recorde em 2025. Embora existam desafios pontuais, a posição de liderança do Banco do Brasil neste setor estratégico representa uma vantagem competitiva de longo prazo.

4. Capacidade de Geração de Receita Mantida

A receita de prestação de serviços totalizou R$ 17,1 bilhões no semestre, mantendo-se praticamente estável. Isto demonstra que o banco preserva sua capacidade de gerar receitas recorrentes através de seus diversos produtos e serviços.

Projeções e Expectativas

O mercado ainda não tem clareza sobre quando os resultados irão melhorar efetivamente. O guidance conservador do banco para 2025 sugere que este será um ano de ajuste e reestruturação. Contudo, quando os sinais de recuperação começarem a aparecer, é provável que as ações sejam rapidamente reprecificadas pelo mercado.

Uma Aposta no Futuro do Sistema Financeiro Brasileiro

O Banco do Brasil atravessa um dos momentos mais desafiadores de sua história recente. Os resultados do 2T25 confirmam a necessidade de ajustes significativos, especialmente na gestão de risco da carteira de agronegócios.

Entretanto, para o investidor que consegue olhar além da turbulência atual, as ações BBAS3 representam uma oportunidade única de investimento. A combinação de múltiplos atrativos, solidez patrimonial e posicionamento estratégico em setores-chave da economia brasileira torna a instituição uma aposta interessante para quem tem paciência e visão de longo prazo.

A chave do sucesso será manter a disciplina, realizar aportes graduais e ter a serenidade necessária para suportar a volatilidade que certamente acompanhará o processo de recuperação da instituição.

Veja também: CPFL Energia CPFE3 2T25: Resultados, Análise e Perspectivas

Lembre-se: investir em ações envolve riscos. Este conteúdo tem caráter educacional e não constitui recomendação de investimento. Sempre consulte um profissional qualificado antes de tomar decisões financeiras.

Análise 2T25: Por que as ações do Banco do Brasil (BBAS3) são uma oportunidade de investimento a longo prazo, apesar dos resultados fracos?

Principais Indicadores 2T25

Lucro Líquido Ajustado: R$ 3,8 bilhões (-60,2% vs 2T24)
ROE: 8,4% (pior nível desde 2016)
Inadimplência: 4,21% (+1,21 p.p. vs 2T24)
Margem Financeira Bruta: R$ 25,1 bilhões (+4,9% vs 1T25)
Novo Guidance 2025: R$ 21-25 bilhões (vs R$ 37-41 bilhões anterior)
Payout 2025: 30% (redução significativa)