PSSA3 2T25 resultados: análise completa, ROAE e guidance 2025
PSSA3 2T25 resultados com ROAE de 24,6%. Entenda qualidade dos lucros, guidance 2025 e riscos. Baixe a planilha de sensibilidade.
RESULTADOS
8/16/20256 min read


Observação: Resultado financeiro ex-previdência no 2T25 foi R$ 376 mi (+121% YoY), com retorno de 86,4% do CDI na carteira da tesouraria devido à alocação em IPCA, compensada parcialmente por renda variável.
Fonte: dados da companhia (release 2T25).
O que mudou no guidance 2025
Porto Bank – crescimento de receita: de +14%–22% para +20%–28%.
Porto Bank – índice de eficiência: de 32,5%–35% para 32%–34%.
Saúde – sinistralidade: de 75%–80% para 73%–78%.
Perdas de crédito (ecossistema): de R$ 1,9–2,3 bi para R$ 2,0–2,3 bi.
Consolidado – taxa efetiva de IR: de 30%–34% para 28%–32%.
Por que importa: o mix de revisão indica confiança na expansão do Bank com disciplina operacional, e um ganho de margem esperado em Saúde. Em crédito, a banda mais “cheia” reflete seletividade e regras de reconhecimento (stop accrual em 90 dias).
Qualidade do resultado: dá para “pagar o ROE” de novo?
Sustentação operacional
Seguro mais “limpo”:
Auto: sinistralidade em 58,5% com normalização climática e disciplina de preço. A frota segurada cresceu +165 mil, mantendo o motor de spread técnico.
Patrimonial: sinistralidade em 25,2% (-4,5 p.p.), puxada por empresarial e residencial; cross-sell com “Proteção Combinada” reforça fidelização.
Vida: prêmios +16,6%, sinistralidade 32,2% e melhora de churn (menos cancelamento e inadimplência no individual).
Saúde com escala e verticalização “virtual”: 751 mil vidas (+24%) e 1,091 mi no Odonto (+24%), com sinistralidade 78,4% e IC 92,6% — ganhos vindos de time médico próprio, combate a fraude e ajuste atuarial no diferimento de comissões.
Bank com efeito rede: ARPAC +11,2% YoY (R$ 150,2), NIM ajustado pelo risco 4,7%, e carteira de crédito +17,8% (R$ 20,9 bi) com cartão como alavanca (TPV +16,6%; transações internacionais +120%). Consórcio permanece cavalo de força (receita +28,3%; carteira administrada R$ 82,2 bi).
Tradução: o lucro cresceu mais do que a receita porque as três pontas — sinistro, escala e preço — trabalharam a favor nas verticais core.
Resultado financeiro
Abaixo do CDI, e tudo bem (por enquanto): a tesouraria entregou 86,4% do CDI no trimestre, penalizada por IPCA abaixo do implícito e marcação a curva em juro real, parcialmente compensada por bolsa.
Por que é deliberado: a Porto persegue preservação de capital e hedge econômico (ex.: inflação de peças no Auto), aceitando “descolar” do CDI no curto prazo.
E o que observar: se o IPCA implícito continuar cedendo e a marcação a mercado pressionar, a contribuição financeira pode voltar a ser o “oscilador” do trimestre; por outro lado, uma curva de NTNs estável favorece carry.
Eficiência
Consolidado: índice de eficiência operacional em 10,9% (-0,9 p.p. YoY).
Bank: eficiência em 33,2% com guidance revisado para 32%–34%.
Serviço: margem EBITDA 16,2% apesar de menor demanda da Parceria Porto (efeito sinistralidade menor no Auto).
Leitura: a base de custos está sob controle e as sinergias (integração de marcas, digital) estão aparecendo no D&A e na linha administrativa.
Drivers e riscos (12–36 meses)
Drivers
Mix de prêmios em Seguro:
Vida: crescimento do individual e prestamista com churn menor.
Patrimonial: expansão acima de PIB com produtos de nicho (imobiliário e celular >15% YoY).
Disciplina no Auto:
Precificação: foco em margens, não apenas share.
Coberturas segmentadas: inclusão securitária sem “rachar” o loss ratio.
Verticalização em Saúde:
Escala acumulada (19 trimestres de alta) + combate a fraude: sustentam banda de sinistralidade revisada para baixo.
ARPAC e NIM no Bank:
ARPAC maior: mais produtos por cliente via App Porto.
NIM ajustado: efeito de accrual em 90 dias + mix de safras.
Consórcio em alta:
Carteira administrada robusta e queda de inadimplência do segmento: gera receitas recorrentes e caixa.
Produtos digitais em Serviço:
Crescimento de +112% YoY: diversifica fora do “ciclo do sinistro”.
Riscos
Eventos climáticos extremos:
Impacto direto em Auto e Patrimonial; frequência/severidade pode reverter parte dos ganhos de sinistralidade.
Crédito e IFRS 9:
Over 90 (360d) a 6,9% e banda de perdas revisada: disciplina é chave; deterioração macro pode exigir mais PCLD.
Competição:
Auto e Saúde: pressão de preço e benefícios; manter disciplina pode custar crescimento.
Sensibilidade à inflação de peças/serviços:
Auto e assistência: IPCA “de serviços” nas oficinas pode corroer margens.
Execução digital:
Jornadas e cross-sell: experiência e governança de dados viram vantagem — ou dor — rapidamente.
Sinalizadores de curto prazo e como acompanhar
Teleconferência 2T25 e próximos prints:
Sinalizador: comentários sobre preço em Auto, fraudes em Saúde e apetite de risco em crédito.
Sazonalidade:
Auto: 1T tende a ser mais pressionado (chuvas, sazonalidade); 2S pode normalizar.
Saúde: renovações e reajustes impactam sinistralidade com defasagem.
O que monitorar trimestralmente (dica rápida):
Saúde – sinistralidade: manter dentro da nova banda (73%–78%).
Bank – NIM ajustado e inadimplência >90d (360d): direção e velocidade importam mais do que o ponto.
Por vertical – IC e ROAE: consistência do spread técnico é a história.
Valuation, contexto e tese
ROAE 24,6% com diversificação real: Seguro (ROAE 31,1%), Bank (27,6%), Saúde (22,4%) e Serviço (21,5%) formam um “banquinho de quatro pernas” que reduz volatilidade de lucros.
Múltiplos e histórico: P/L em torno de 8,2x (jun/25), abaixo de 2021 (13,3x) e de 2022 (12,5x), com dividend yield de 3,0% em 2024 e payout de 43% naquele ano. Isso sugere desconto relativo ao próprio histórico com ROE mais alto — mas múltiplo barato nem sempre é catalisador sem estabilidade de sinistro/cred.
Leitura de tese (ação acionável, não promessa): se a companhia executar o guidance revisado (Saúde mais rentável, Bank com eficiência e ARPAC maiores) e o ambiente de risco não piorar (clima/crédito), o “novo patamar” de ROE fica mais defensável. O upside adicional vem de: (i) manutenção de disciplina de preço em Auto; (ii) Sustentação do NIM ajustado; (iii) Consórcio e Capitalização como amortecedores de ciclo.
Mini‑glossário
ROAE: rentabilidade sobre o patrimônio médio dos acionistas — mede geração de valor do capital.
Sinistralidade: sinistros retidos/prêmio ganho — quanto do prêmio “vira” indenização.
Índice combinado (IC): sinistralidade + despesas (comercialização, tributos, administrativos) — abaixo de 100% indica lucro técnico.
NIM ajustado pelo risco: margem financeira líquida após perdas de crédito (annualizada/carteira sensível).
ARPAC: receita média por cliente ativo — captura cross-sell e profundidade de relacionamento.
Checklist prático para o investidor
Disciplina de preço em Auto: compare preço-prêmio x sinistralidade por linha.
Banda de sinistralidade em Saúde: verifique se fica dentro do 73%–78% e se o IC acompanha.
Crédito no Bank: monitore NIM ajustado, Over90 (360d) e índice de cobertura (>120% é conforto).
Eficiência: acompanhe o índice consolidado (10,9%) e o do Bank (guidance 32%–34%).
Resultado financeiro: entenda a mistura IPCA/bolsa; não precifique “CDI cheio” como regra.
Mix de receita: busque crescimento em Vida/Patrimonial e produtos digitais em Serviço.
Payout/Dividendos: relacione payout com necessidades de capital (SUSEP/ANS/Bacen).
Catalisadores: teleconferências, reajustes de Saúde, dinâmica de clima e safra de crédito.
Veja também: MRVE3 2T25: leitura pós-Resia, MCMV e valuation
Lembre-se: investir em ações envolve riscos. Este conteúdo tem caráter educacional e não constitui recomendação de investimento. Sempre consulte um profissional qualificado antes de tomar decisões financeiras.
PSSA3 2T25 resultados: além do número bonito, o que sustenta o ROE alto da Porto e onde ainda há assimetria
Você já viu manchetes comemorando o lucro e o ROE da Porto. O problema? Parar na superfície deixa dinheiro na mesa — e risco sem preço. A agitação: um trimestre pode enganar; guidance muda, ciclos de sinistro e crédito viram rápido, e o “CDI que não veio” nas aplicações pode confundir. A solução: separar o que é estrutural do que é circunstancial, conectar drivers por vertical e traduzir isso em sinais objetivos para o seu próximo movimento na tese.
Resumo executivo e comparação 2T25 vs. 2T24
Tabela-resumo dos principais indicadores consolidados e por vertical. Números em R$ milhões, salvo indicação.