Resultados Equatorial 2T25: lucro dobra e EBITDA sobe 32,4%

Resultados Equatorial 2T25 explicados: lucro ajustado dobra, EBITDA cresce 32,4% e alavancagem cai. Leia a análise completa.

RESULTADOS

8/19/20255 min read

Release de Resultados 2T25, Equatorial
Release de Resultados 2T25, Equatorial

Notas: valores em R$ milhões, exceto alavancagem (vezes).

Visão geral: crescimento amplo, qualidade em alta e disciplina financeira

A Equatorial entregou um trimestre de expansão orgânica e melhora operacional. A margem bruta ajustada consolidada subiu 14,1% (R$ 4,39 bi), com destaque para a Distribuição, que sozinha adicionou R$ 464 milhões de margem. O EBITDA ajustado avançou 32,4%, puxado por: (i) Distribuição (+R$ 387 mi), (ii) equivalência patrimonial da Sabesp (R$ 312 mi) e (iii) Renováveis (+R$ 63 mi). O lucro líquido ajustado dobrou, alcançando R$ 614 milhões.

No pano de fundo, a empresa controlou custos (PMSO +4,8%, abaixo do IPCA de 5,35% no período de 12 meses), reduziu o DEC em todas as distribuidoras e manteve a alavancagem em patamar confortável (3,1x). Do lado dos ventos (literalmente), há um ponto de atenção: o curtailment em renováveis, que cortou 286,4 GWh no trimestre, sobretudo nos ativos solares. Ainda assim, a geração líquida cresceu 37% e a eólica brilhou com ventos acima da média.

Se você investe em EQTL3 por execução consistente, eficiência e resiliência de caixa, este trimestre reforça a tese.

Análise segmentada

Distribuição

  • Margem bruta +R$ 464 milhões: Crescimento em todas as concessões, com destaques para Pará (+R$ 100 mi) e Goiás (+R$ 95 mi). Os vetores foram tarifa fio B, melhora de perdas e recuperação da Renda Não Faturada.

  • Qualidade em alta: Redução do DEC em todas as distribuidoras vs 2T24; CEEE-D enquadrou o FEC e, com isso, todas as 7 distribuidoras estão dentro do limite regulatório de FEC. Quatro concessões já cumprem o DEC regulatório.

  • Perdas sob controle: Perdas totais consolidadas abaixo do regulatório pelo 7º trimestre seguido.

  • Crescimento de mercado e GD: Energia faturada + compensada (GD II/III) subiu 4,0% consolidado.

  • Sinal regulatório: Aprovação na diretoria da Aneel da renovação das concessões do MA e PA — um passo importante para reduzir risco regulatório e ancorar investimentos de qualidade na rede.

Por que importa: em uma utility multi-ativos, é a Distribuição que ancora previsibilidade de fluxo. Melhorar qualidade (DEC/FEC) e perdas tende a sustentar margens e reduzir penalidades, fortalecendo o ciclo de valor.

Renováveis

  • Margem +R$ 80 milhões: Impulsionada pela entrada em operação dos parques solares (R$ 52 mi) e melhor geração eólica (R$ 28 mi).

  • O melhor 2T desde a aquisição da Echoenergia: Velocidade média do vento de 7,4 m/s (+8% a/a), com destaque para RN.

  • Curtailment é o calcanhar de Aquiles: Corte de geração somou 286,4 GWh (19,5%) no portfólio, concentrado em Barreiras e Ribeiro Gonçalves (solar) e Serra do Mel (eólico). ONS e CMSE vêm implementando medidas (novas linhas, ajustes operativos), mas a normalização é gradual.

Por que importa: o pipeline solar agrega receita, mas o curtailment pode comprimir a captura de valor no curto prazo. O vento ajudou, o sol entrou — a tese em renováveis segue válida, porém com execução e gestão de despacho no centro do jogo.

Saneamento e equity da Sabesp

  • CSA (saneamento): Receita líquida recorrente (ex-construção) cresceu 21%, com volume hidrometrado +9,6% e avanço de cobertura. PMSO caiu 3% a/a; PECLD recuou para R$ 5 mi.

  • Sabesp (equivalência patrimonial): Contribuição de R$ 312 milhões no trimestre. Esse efeito foi relevante no bridge do EBITDA ajustado consolidado.

Por que importa: a plataforma de saneamento em consolidação agrega opcionalidade de crescimento, enquanto a participação na Sabesp cria uma alavanca de resultado menos cíclica no curto prazo.

Análise do especialista: custos e eficiência

Análise rápida do PMSO

  • Crescimento do PMSO ajustado: +4,8% a/a (R$ 1.127 bi → R$ 1.180 bi).

  • Inflação (IPCA 12m): 5,35%.

  • Leitura: o avanço do PMSO ficou abaixo da inflação, evidenciando ganho de eficiência, mesmo com pressões em Distribuição (primarização, atendimento) e a entrada dos solares em Renováveis. Em base “mesmos ativos”, o PMSO teria crescido 3,7%, reforçando a disciplina de custos.

Na prática: controlar Opex enquanto expande qualidade e base de ativos é o que sustenta ROIC no setor elétrico.

Alavancagem e endividamento

  • Dívida líquida/EBITDA (covenants): 3,1x (vs. 3,2x em 2T24 e 1T25), prazo médio de 5,5 anos, custo médio de 12,29% a.a.

  • Caixa e liquidez: R$ 10,1 bi em disponibilidades; cobertura de dívida de curto prazo em 1,3x.

  • Custo da dívida: CDI mais alto e dívida bruta maior pressionaram o resultado financeiro (prejuízo financeiro ajustado de R$ 1,405 bi, +42,6% a/a).

Por que importa: para uma companhia de capital intensivo, 3,1x é um patamar saudável — ainda mais com investimentos de R$ 2,7 bi no trimestre, majoritariamente em expansão, qualidade e perdas na Distribuição. A pressão de juros bate no DRE, mas a empresa tem fôlego e alongamento.

O que isso significa para EQTL3 agora

Antes de falar de preço, é sobre execução. A Equatorial entregou o combo que o mercado ama em utilities: crescimento de margens, avanço operacional mensurável (DEC/FEC, perdas), custos sob controle e alavancagem estável. O vento jogou a favor e o sol entrou na conta — com a ressalva do curtailment, que o investidor não pode ignorar.

Checklist rápido

  • Pontos positivos

    • Lucro ajustado dobrou: demonstra tração de resultados além de efeitos contábeis.

    • EBITDA ajustado +32,4%: crescimento com base em distribuição e equity de Sabesp.

    • Custos controlados: PMSO abaixo da inflação, reforçando eficiência.

    • Alavancagem confortável: 3,1x, com leve queda e bom prazo médio.

    • Melhora operacional abrangente: DEC/FEC e perdas sob controle em todas as distribuidoras.

  • Pontos de atenção

    • Curtailment em renováveis: 286,4 GWh no trimestre; exige monitorar medidas do ONS/CMSE e impacto em solares.

    • Resultado financeiro pressionado: aumento de 50,8% do prejuízo financeiro, por CDI mais alto e dívida bruta maior.

Vale a pena investir em EQTL3? Para o perfil moderado-arrojado com foco em qualidade operacional e compounders do setor elétrico, o 2T25 reforça a tese de crescimento com disciplina. O upside passa por: continuidade da melhora em Distribuição, normalização gradual do curtailment e custo de capital menos hostil. O downside vem de juros persistentes, choques operacionais e ritmo das medidas de despacho no Nordeste. Se sua tese é execução + previsibilidade, Equatorial entrega. Se sua tese é puro beta de renováveis, monitore de perto o curtailment.

Onde ampliar a sua análise

  • Comparabilidade setorial: Traga para sua planilha pares de Distribuição (qualidade/DEC-FEC e perdas) e players de Renováveis expostos ao mesmo nó de transmissão, para calibrar o risco de curtailment.

  • Sensibilidade de juros: Rode cenários de CDI e IPCA no resultado financeiro e no custo médio da dívida, avaliando impacto no lucro e no fluxo de dividendos.

  • Agenda regulatória: A aprovação das renovações (MA/PA) é um divisor de risco. Acompanhe próximas etapas e potenciais revisões tarifárias.

Conclusão:

A Equatorial mostrou, de novo, que sabe operar no detalhe e crescer com cabeça de dono. Quando lucro ajustado dobra, o fácil é só comemorar — o inteligente é perguntar: “o que pode manter essa curva?” Hoje, a resposta passa por continuar ganhando na rede, mitigar cortes em renováveis e sustentar disciplina no Opex e no balanço.

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Lembre-se: investir em ações envolve riscos. Este conteúdo tem caráter educacional e não constitui recomendação de investimento. Sempre consulte um profissional qualificado antes de tomar decisões financeiras.

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